sábado, 24 de maio de 2008

Poeta

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

(Autopsicografia - Fernando Pessoa )

Um comentário:

Anônimo disse...

lindo seu blog, com poesias lindas... amei :*