sábado, 17 de abril de 2010

AUTOPSICOGRAGIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda,
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

De volta...

É! Sete meses é muito tempo.
Alguém já parou pra pensar quanta coisa pode acontecer em sete meses?
Mudanças...
Quanta coisa mudou!
Endereço,
Jeito...
Quanta coisa aconteceu!
Muitos bebês nasceram...
Alguém querido morreu..
Morreu já faz algum tempo...
E parece, quase ninguém percebeu.

E eu que esperava,
Encontrar você mais tarde,
Já homem feito, menino.

Mas jamais imaginava,
Saber que você iria assim,
Sem dizer nada...
Sem se despedir.

Me lembro daquele abraço,
Daqueles beijos sem fim.
Quanta falta você faz, menino...
Que pena, que acabou assim.

à alguém que se foi, mas deixou lembranças boas...
ao menos para mim.
L.M.M.